
Manaus – Em artigo recente, o professor e ex-governador do Amazonas, José Melo, relembrou sua trajetória do interior do estado até a política e defendeu a necessidade de um novo modelo econômico para reduzir a dependência da Zona Franca de Manaus. Com um tom reflexivo, ele narra sua origem humilde, os desafios enfrentados ao longo da carreira e sua luta por alternativas sustentáveis para o desenvolvimento do estado.
Melo começou sua vida profissional como auxiliar de seringueiro antes de ingressar na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), onde trabalhou como datilógrafo e acompanhou o crescimento da instituição. Mais tarde, atuou como secretário de Educação e ocupou diversos cargos públicos, viajando pelo interior do estado e conhecendo de perto as dificuldades enfrentadas pela população.
Diante dessa realidade, ele viu na política uma ferramenta para transformar as riquezas naturais do Amazonas em benefícios diretos para o povo. Foi deputado federal e estadual antes de se tornar vice-governador na gestão de Omar Aziz. Em 2014, venceu Eduardo Braga nas urnas e assumiu o governo do estado, prometendo fortalecer a Zona Franca e abrir novos caminhos para a economia amazonense.
A proposta da Matriz Econômica Ambiental
Ao assumir o governo, José Melo apresentou a Matriz Econômica Ambiental, um projeto que visava diversificar a economia do estado de forma sustentável. Segundo ele, a Zona Franca de Manaus era um modelo bem-sucedido, mas insuficiente para garantir o desenvolvimento de toda a região. O projeto foi debatido com especialistas e aprovado por meio de legislação, mas não chegou a ser implementado.
Em 2017, seu governo foi interrompido por uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que cassou seu mandato por suspeita de compra de votos nas eleições de 2014. A decisão, segundo Melo, foi injusta, pois a pessoa que, de acordo com a Justiça, teria comprado votos, foi posteriormente inocentada. Desde então, o ex-governador se mantém afastado da política institucional, mas reforça que não desistiu de defender a diversificação econômica do Amazonas.
Críticas à estagnação econômica do estado
No artigo, o ex-governador critica a falta de avanços na economia amazonense e alerta que a dependência da Zona Franca continua prejudicando tanto Manaus quanto o interior. Para ele, é necessário buscar alternativas que aproveitem os recursos naturais do estado de maneira sustentável, garantindo crescimento econômico e social para a população.
Apesar das dificuldades, José Melo encerra sua reflexão com uma mensagem de resistência: “Tiraram o meu mandato, mas não conseguiram calar a minha voz! Continuarei lutando pela Matriz Econômica Ambiental”.
A defesa por um modelo econômico mais amplo para o Amazonas segue sendo um dos grandes desafios da região, enquanto Melo mantém vivo o debate sobre a necessidade de mudanças estruturais no estado.