
MANAUS – A segunda gestão do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), tem sido marcada pela presença de secretários municipais envolvidos em escândalos, prisões e investigações por corrupção. Um levantamento realizado pela reportagem revela a falta de critérios técnicos na escolha dos nomes que compõem o primeiro escalão do governo municipal.
Sabá Reis, alvo da Polícia Federal
Um dos nomes mais próximos de David Almeida, tanto na vida política quanto pessoal, é o secretário municipal de Limpeza Urbana (Semulsp), Sabá Reis. Ele lidera a lista de investigados na prefeitura. Reis é alvo da Operação Dente de Marfim, desdobramento da Operação Entulho, que investiga um suposto esquema irregular envolvendo a empresa Mamute Conservação, Construção e Pavimentação Ltda.
Em 2021, a Mamute faturou mais de R$ 40 milhões dos cofres públicos. O Ministério Público Federal (MPF) aponta indícios de “organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro”. Em 2023, Sabá Reis foi conduzido à sede da Polícia Federal para prestar esclarecimentos. A investigação aponta que ele teria comandado um esquema nos contratos de limpeza pública. Apesar das acusações, ele mantém sua posição na gestão Almeida com prestígio intacto.
Gravações telefônicas obtidas pela PF indicam conversas entre Sabá Reis e Carlos Edson de Oliveira Júnior, dono da Mamute, com indícios de negociação de vantagens.

Jender Lobato, preso por fraude em licitação
Outro nome polêmico é o do advogado Jender Lobato, diretor-presidente da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult). Lobato foi preso em 2020, acusado de fraudar uma licitação para o fornecimento de transporte escolar em Presidente Figueiredo, município a 126 km de Manaus.
Na época, ele era presidente da Comissão de Licitação de Presidente Figueiredo e teria beneficiado uma empresa ligada ao deputado Saullo Vianna (UB). O esquema, segundo a PF, superfaturou contratos e desviou mais de R$ 4 milhões dos cofres públicos. Apesar da prisão, Lobato mantém a confiança do prefeito David Almeida.

Saullo Vianna, deputado e secretário com passado conturbado
O deputado Saullo Vianna, atual secretário municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc), também integra a lista de aliados de Almeida com histórico de investigações. Ele foi preso em 2018, logo após ser eleito deputado estadual, acusado de corrupção ativa e passiva, associação criminosa e violação de sigilo funcional.
Em 2020, Vianna foi alvo de buscas e apreensões na Operação Ponto de Parada, da PF, que investigava seu suposto envolvimento como sócio oculto em uma empresa que venceu licitações de transporte escolar em Presidente Figueiredo – caso que também levou à prisão de Jender Lobato.

Fransuá Mattos, acusado de agressão
Comandando a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Mudança do Clima (Semmasclima), o ex-vereador Fransuá Mattos é outro nome com passado controverso. Em 2018, ele foi acusado de agredir a então namorada, que teria se recusado a participar de uma orgia. Segundo o boletim de ocorrência, Mattos teria jogado a vítima para fora de uma pousada e a obrigado a caminhar de Presidente Figueiredo até Manaus.
Apesar das acusações, Fransuá permanece no cargo, reforçando a imagem de uma gestão que não prioriza o histórico de seus colaboradores.
