
Nos últimos anos, a política global tem sido marcada pela ascensão de líderes que fazem do discurso inflamado uma ferramenta poderosa para mobilizar apoiadores e consolidar sua influência. Em um cenário cada vez mais polarizado, a retórica combativa ganha protagonismo e molda a geopolítica internacional.
Em entrevista exclusiva para o Portal Manaus Mil Grau, o ex-governador do Amazonas e professor José Melo comentou esse fenômeno e analisou os impactos da ascensão dos chamados bravateiros na política mundial. Para ele, nomes como Luiz Inácio Lula da Silva, Nicolás Maduro e Javier Milei na América do Sul, Vladimir Putin na Europa e Kim Jong-un na Ásia ilustram essa tendência.
“O que vemos hoje é uma mudança na forma de fazer política. A bravata virou uma ferramenta estratégica para mobilizar e consolidar poder. Trump é um grande exemplo disso”, afirmou Melo.
Segundo ele, Trump não faz bravatas sem um propósito bem definido. “Trump não dá um passo sem calcular o impacto de suas palavras e ações. Ele sabe exatamente a reação que deseja provocar”, explicou.
Melo também criticou a postura do governo dos Estados Unidos, que, em sua visão, teria contribuído para a intensificação de conflitos. “Se houvesse uma liderança mais firme nos Estados Unidos, talvez a guerra entre Israel e os grupos extremistas e o conflito entre Ucrânia e Rússia tivessem sido evitados ou pelo menos reduzidos”, argumentou.
O ex-governador destacou ainda o apoio de grandes setores econômicos a Trump. “As big techs e os bilionários do petróleo continuam dando suporte a ele. Sua promessa de expandir a exploração de combustíveis fósseis não é apenas um discurso, é um recado direto à OPEP e ao mercado global”, disse.
Ao ser questionado sobre o Brasil, Melo alertou para os riscos de seguir o mesmo caminho. “O momento exige moderação e pragmatismo. Nosso líder deve priorizar ações concretas em vez de palavras de efeito. Falar menos e ouvir mais sempre foi uma estratégia sábia”, concluiu.
Os desdobramentos desse cenário ainda são incertos, mas para José Melo, uma coisa é evidente: no jogo de poder global, quem souber calibrar sua retórica terá uma vantagem crucial na disputa por influência.