
A influência da família Oliveira permanece inabalável nos principais sindicatos do transporte coletivo em Manaus. De um lado, Givancir de Oliveira reassumiu a presidência do Sindicato dos Rodoviários mesmo respondendo a processos por homicídio e tentativa de homicídio. Do outro, seu irmão Josildo de Oliveira acaba de ser eleito presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Especial, ampliando o controle familiar sobre as entidades que representam motoristas e cobradores.
Apesar dessa concentração de poder, trabalhadores reclamam de abandono, falta de transparência e perseguições internas. Muitos afirmam que os sindicatos se tornaram instrumentos de interesses particulares, enquanto a categoria convive com demissões, cortes salariais e deterioração das condições de trabalho.
GIVANCIR OLIVEIRA REASSUME MESMO CERCADO DE DENÚNCIAS E PROCESSOS – Preso em 2020 por suspeita de homicídio e tentativa de homicídio, Givancir foi solto mediante alvará e logo retomou o comando do Sindicato dos Rodoviários do Amazonas. Não houve nota oficial à base nem esclarecimentos públicos sobre sua situação. Além dos processos criminais, ele é alvo de acusações de má gestão, autoritarismo, uso da estrutura sindical em benefício próprio e já foi condenado por ofensas a jornalistas. Mesmo assim, nenhuma eleição transparente foi convocada para reavaliar sua legitimidade.
JOSILDO OLIVEIRA À FRENTE SINDESPECIAL E CERCADO DE DENÚNCIAS – Recém‑eleito para liderar o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Especial, Josildo enfrentou acusações de compra de votos, uso irregular da estrutura sindical durante a campanha e promessa de benefícios, como cestas básicas, em troca de apoio de empresários. Motoristas também relatam que ele estaria empregado simultaneamente em duas empresas do sistema, o que viola o regulamento do setor, mas ainda assim sua vitória foi confirmada e a nova diretoria empossada.
JAILDO OLIVEIRA, O PARLAMENTAR QUE SILENCIA – O terceiro irmão, Jaildo Oliveira, exerce mandato na Câmara Municipal e se apresenta como defensor dos rodoviários. No entanto, trabalhadores afirmam que ele não se mobilizou quando milhares de cobradores foram dispensados nem quando o pagamento em dinheiro foi retirado dos ônibus. Sua recente defesa da categoria, quase restrita às redes sociais, coincidiu com a campanha eleitoral de Josildo, levantando suspeitas de que o discurso sindical serve como plataforma política para a família.
TRABALHADORES DESASSISTIDOS – Enquanto os irmãos Oliveira acumulam cargos em sindicatos e na política, a categoria enfrenta desemprego, precarização e silêncio das lideranças. Trabalhadores denunciam que as entidades viraram palco de acordos com empresários, sem ganhos reais para quem depende do salário de cada viagem.
A permanência da família Oliveira no comando dos sindicatos de transporte revela uma estrutura fechada, marcada por perseguições, silenciamento de opositores e suspeitas de irregularidades. Com três irmãos ocupando posições estratégicas, o sistema se mostra imune a tentativas de renovação e transparência, deixando milhares de trabalhadores vulneráveis a decisões tomadas nos bastidores.