
Em um artigo publicado na quinta-feira (23), o ex-governador do Amazonas, professor José Melo, destacou a posição privilegiada do Brasil como detentor de 13% de toda a água doce líquida do planeta, recurso que ele classifica como “mais valioso do que diamante, ouro e petróleo”. No texto, Melo alerta para a necessidade de o país assumir um papel de liderança global diante da crescente escassez de água no mundo, agravada por mudanças climáticas, desperdício e uso excessivo.
“O Brasil precisa ser mais assertivo em suas discussões com outros países. Nossas reservas de água são mais valiosas do que qualquer recurso mineral ou energético. Somos campeões mundiais na produção de alimentos, temos a maior reserva de água doce do planeta, enormes reservas de minerais estratégicos e abrigamos a maior floresta tropical úmida. É hora de sairmos da plateia e ocuparmos um lugar no palco principal”, afirmou Melo.
O ex-governador ressaltou que o país possui uma distribuição geográfica privilegiada de água doce, com bacias hidrográficas estratégicas, como a Amazônica, a maior do planeta, além das bacias do São Francisco, Tocantins/Araguaia, Platina e do Nordeste Oriental. Além disso, o Brasil abriga os dois maiores aquíferos do mundo: o Aquífero Alter do Chão, na Amazônia, com água suficiente para abastecer o planeta por 250 anos, e o Aquífero Guarani, que se estende por quatro países da América do Sul.

Riqueza hídrica contrasta com falta de acesso à água potável
Apesar da abundância de recursos hídricos, Melo criticou a falta de políticas efetivas para garantir o acesso universal à água potável no país. “É alarmante que 33 milhões de brasileiros ainda não tenham acesso a esse bem essencial”, disse. Para ele, as autoridades têm um papel central na implantação de medidas que protejam e gerenciem de forma sustentável as reservas de água doce.
O ex-governador também destacou a importância estratégica da Amazônia, não apenas pela floresta, mas pelo potencial hídrico e mineral da região. “A maior parte do Aquífero Alter do Chão está nos estados do Pará, Amazonas e Amapá. Essa riqueza precisa ser protegida e valorizada, pois é um tesouro nacional e global”, afirmou.


Desafios e oportunidades
Melo chamou a atenção para os desafios que o Brasil enfrenta, como o desperdício de água e os impactos das mudanças climáticas, que podem agravar a escassez em diversas regiões. Ele defendeu a adoção de políticas públicas que promovam o uso sustentável dos recursos hídricos e a conscientização da população sobre a importância da preservação.
“Água é vida. Sem ela, não há produção de alimentos, não há energia, não há desenvolvimento econômico. O Brasil tem a chance de se tornar uma potência global não apenas pela sua economia, mas pela sua capacidade de liderar a discussão sobre a gestão sustentável dos recursos naturais”, afirmou.
O ex-governador concluiu o artigo com um apelo para que o país assuma uma posição de destaque no cenário internacional. “Acorda, Brasil! Nossas riquezas naturais nos colocam em uma posição única. Não podemos desperdiçar essa oportunidade de liderar o mundo em um tema tão crucial como a preservação da água”, finalizou.